DAR O SEU MELHOR SEM MOTIVAÇÃO? SIM, ISTO É POSSÍVEL! PARTE 1
“Aquilo que não me destrói me fortalece.”
(Friedrich Nietzsche)
Diferente do que muitos pensam, estar motivado é uma tarefa desafiadora. A automotivação é algo complexo, muitas vezes repleto de obstáculos que parecem quase insuperáveis. A busca pela motivação é um tema amplamente discutido e explorado, e por uma boa razão. Mas, antes de mergulharmos neste artigo, gostaria de oferecer uma breve contextualização sobre a complexidade subjacente à motivação.
A motivação, em sua essência, é uma força introspectiva que nos impulsiona a agir, a buscar metas e a superar desafios. No entanto, sua conquista pessoal é frequentemente obstaculizada por diversos fatores, desde as fragilidades em lidar com pressões externas até os conflitos internos que se fazem presente em todos nós. Em outras palavras, estar motivado é muito mais uma questão neuropsíquica do que uma simples oportunidade que se apresenta em nossa vida.
A neurociência e a psicologia comportamental têm se aprofundado na compreensão dos mecanismos cerebrais que regem a motivação. Estudos recentes destacam a interconexão entre neurotransmissores, como dopamina e serotonina, e a motivação, revelando como esses processos bioquímicos desempenham um papel crucial em nosso impulso para alcançar objetivos. Além disso, a compreensão das redes neurais associadas à formação de hábitos e à autorregulação emocional proporciona insights valiosos sobre como podemos cultivar nossa potência de agir sem necessariamente estar motivados.
Explicando de maneira mais tangível, imagine um profissional que, pode estar passando por um turbilhão de problemas pessoais ou apesar das adversidades e da falta aparente de estímulo externo, consegue manter um desempenho excepcional. Esta resiliência é uma qualidade profundamente pessoal, sujeita a variações conforme as circunstâncias e, portanto, temporais. Tem a ver não só com a própria história, mas também com as necessidades que se façam presentes. Ao explorarmos nosso comportamento sob a luz das descobertas neurocientíficas, hoje se pode desvendar os padrões cerebrais e estratégias psicológicas que o capacitam a trabalhar dando o seu melhor mesmo em situações desafiadoras.
Aliás, segue a dica caso queriam se aprofundar sobre o assunto, em meu trabalho de pesquisa ao longo dos últimos anos, tenho dedicado espaço no meu blog (https://www.marcellodesouza.com.br) para explorar a motivação em diferentes perspectivas. Nestes artigos, ajudo a compreender as nuances desse conceito, compartilhando insights, dicas práticas e reflexões profundas sobre como encontrar e manter a motivação em diversas áreas da vida.
Agora, para este artigo, convido você a refletir sobre a intrincada relação entre motivação e a capacidade de darmos o melhor em nossa vida profissional, explorando uma abordagem não convencional que propõe uma senda para alcançar a excelência pessoal. Vamos mergulhar nesse intrigante caminho, explorando os meandros da mente humana e descobrindo como podemos recriar uma luz guia, mesmo nos momentos mais desafiadores da nossa jornada profissional.
Para começar esta jornada, costumo sempre comparar a motivação com uma das façanhas do Übermensch. Em “Assim Falou Zaratustra”, uma das passagens mais conhecidas trata-se da parábola do Übermensch, ou o “Além-do-Homem”. Este conceito fundamental na filosofia nietzschiana representa a ideia de um ser humano que supera as limitações convencionais e cria seus próprios valores. Na obra, Zaratustra fala sobre a transformação do homem em Übermensch, uma jornada que exige autoconhecimento, superação de obstáculos e a criação de um significado pessoal para a vida, uma luz incandescente na escuridão da desmotivação. O Übermensch, esse ser que cria seus próprios valores, surge como uma força inextinguível mesmo nos dias em que os valores estabelecidos parecem perder sua luz. Em comparação a nossa jornada pessoal, ele não foge dos obstáculos, mas os abraça como degraus para a elevação, transformando a situação em uma chama eterna alimentada por resiliência diante das adversidades.
Vale lembrar que o Übermensch é como um artista moldando sua própria obra, dançando com a incerteza do desconhecido. Aceitar o inesperado torna-se uma fonte inesgotável de inspiração, permitindo-nos superar surpresas imprevistas com criatividade e resiliência. Enquanto a desmotivação tenta turvar nosso horizonte, a filosofia do Übermensch é um farol que nos guia através da escuridão. Em outras palavras, dar nosso melhor é, ou deveria ser, uma força para buscar inspiração interna, transcender normas convencionais e forjar um destino único, mesmo quando as condições externas parecem adversas.
Eu trouxe está reflexão nietzschiana para que entenda que aceitar o desconhecido e o inesperado não é apenas uma lição do Übermensch, mas um convite à dança criativa com as circunstâncias da vida. Nessa dança, encontramos a verdadeira essência da perseverança e a força para alcançar nosso melhor, independentemente das condições externas.
“Quem tem um porquê enfrenta quase qualquer como.”
(Friedrich Nietzsche)
Assim, como esta prévia introdução reflexiva, vamos agora entender que, apesar da automotivação ser uma das principais características dos profissionais bem-sucedidos, que os distingue dos demais, surge a pergunta: Como prosseguir quando já não existe motivação?
Desvendando Estratégias para Alimentar Nossa Chama Interna
Como já visto a motivação é uma experiência profundamente pessoal e temporal. O que impulsiona um indivíduo pode não ecoar da mesma forma para outro. A verdade é que algumas pessoas parecem possuir uma perseverança naturalmente mais intensa do que outras. Contudo, ao longo de mais de uma década dedicada à pesquisa sobre motivação humana, emergiram várias estratégias que se mostram promissoras para a maioria das pessoas. Seja na tentativa de dominar uma nova língua, na busca por novos horizontes profissionais, ou ao lançar-se em empreendimentos desafiadores, estas estratégias oferecem um guia potente.
Se, em algum momento, você se viu diante da procrastinação ou da falta de comprometimento — uma experiência comum a praticamente todos nós em diversos momentos da vida —, permita-me incentivá-lo a continuar a leitura. A partir deste ponto, exploraremos quatro propostas cuidadosamente elaboradas para iluminar o caminho à sua frente. Sendo:
1º. Metas Em Vez De Tarefas
Talvez a principal reflexão para iniciarmos este artigo está justamente a importância das metas. Estabelecer metas é crucial para alcançar conquistas significativas em diversas áreas da vida. Essas metas atuam como bússolas, fornecendo uma direção clara para orientar nossas ações e decisões. Além disso, representam uma fonte constante de potência de agir, sustentando o foco e a determinação diante de desafios. A definição de metas específicas contribui para a eficácia ao direcionar esforços de maneira focada, aumentando a produtividade e permitindo avaliações de progresso mensuráveis, com flexibilidade para ajustes quando necessário.
No âmbito comportamental, o alcance de metas, mesmo as pequenas, fortalece a autoconfiança e eleva a autoestima, validando o potencial e a capacidade individual. Adicionalmente, o planejamento necessário para estabelecer metas promove a organização, enquanto metas desafiadoras impulsionam o desenvolvimento pessoal.
Evitando a dispersão de tempo e recursos em atividades desnecessárias, as metas asseguram que os esforços sejam direcionados para as áreas certas. Elas proporcionam um sentido de propósito e significado à vida, respondendo à pergunta crucial: “Para onde estou indo e por quê?”. Além disso, as metas incentivam a resiliência, atuando como âncoras motivacionais diante de desafios. Em resumo, ter metas é fundamental para orientar, motivar, avaliar e alcançar progresso em diferentes aspectos da vida, sendo a base para o crescimento pessoal e profissional.
Observando, especialmente nas empresas, colaboradores que estabelecem metas obtêm resultados superiores. Da mesma forma, indivíduos que buscam aprimorar sua qualidade de vida alcançam um nível mais elevado de aptidão física ao estabelecerem metas de exercícios diários ou mesmo ao cuidarem da alimentação, por exemplo.
Ambições abstratas, como “pensar positivo resolve todos os problemas instantaneamente,” mostram-se muito menos eficazes e não refletem a complexidade da vida e do desenvolvimento pessoal. Contrariando os objetivos concretos, como conquistar uma renda melhor para a família a partir do aprimoramento de conhecimentos específicos ou aprender outra língua para buscar vagas em outros países, as metas específicas proporcionam resultados mais tangíveis e motivadores.
O mesmo vale para projetos inovadores dentro de uma organização que envolvem metas claras e mensuráveis. Em um ambiente empresarial, por exemplo, um projeto que estabelece metas específicas, como aumentar a eficiência operacional em X percentual ou desenvolver uma nova funcionalidade para atender às necessidades dos clientes, tem mais chances de sucesso do que aquele baseado em ambições vagas. O mesmo princípio se aplica à busca de autoaperfeiçoamento. Estabelecer metas concretas, como concluir um curso específico, adquirir uma nova habilidade em determinado período ou atingir um marco profissional, proporciona uma direção clara e mensurável.
A definição de metas tangíveis não apenas orienta o caminho, mas também cria um senso de realização à medida que cada objetivo é alcançado. Isso contribui para o reforço positivo em encontrar forças suficientes para lidar com a questão, criando um ciclo ascendente de progresso e empenho contínuo. Ao contrário de ambições abstratas, que podem parecer vagas e intangíveis, as metas específicas oferecem uma estrutura sólida para o desenvolvimento e o sucesso pessoal.
Vale ressaltar que há uma estreita relação entre metas e propósito, amplificando a vontade de agir, pois representa algo intrinsecamente significativo e valioso. Isso é fundamental para qualquer meta que você estabeleça para si mesmo ou com a qual concorde, sendo a especificidade crucial para alinhar metas a um propósito claro. Quando nossas metas estão alinhadas ao seu propósito mais profundo, elas deixam de ser simples tarefas a serem cumpridas, transformando-se em expressões tangíveis do que é verdadeiramente significativo para você.
Essa conexão sinérgica entre metas e propósito é uma via de mão dupla. Enquanto as metas fornecem uma estrutura concreta e mensurável para direcionar suas ações, o propósito age como a força motivadora subjacente. Ele oferece um “porquê” substancial que impulsiona cada passo em direção à realização das metas.
Ao traçar metas alinhadas ao seu propósito, você constrói um caminho que não apenas orienta, mas também dá significado à sua jornada. Cada conquista se torna um marco no cumprimento de um propósito mais amplo, proporcionando uma sensação duradoura de realização. Portanto, ao estabelecer metas, lembre-se sempre de vinculá-las ao propósito, transformando objetivos específicos em uma narrativa significativa que transcende o simples cumprimento de tarefas. Dessa forma, você não apenas atinge as metas, mas também nutre uma conexão mais profunda com o propósito que impulsiona, o empoderamento e a resiliência intrínseca em vez de questões extrínseca.
Toda atividade se torna intrinsecamente potencializada quando é um fim em si mesma, conduzindo a realizações e sucesso duradouros. Minha pesquisa indica que motivos intrínsecos prenunciam conquistas e sucesso mais significativos do que os extrínsecos, pois representam algo verdadeiramente pertencente de significado e valor. É crucial compreender que as metas não são simples pontos de chegada, mas sim parte integrante de um caminho mais amplo — uma jornada que se conecta intrinsecamente ao destino desejado.
Esta relação entre metas e propósito vai além de uma associação superficial; é uma ligação profunda entre o que buscamos alcançar e a essência do que valorizamos. Se considerarmos, por exemplo, um profissional com o propósito de se destacar na carreira e contribuir significativamente para sua área, suas metas específicas, como obter uma certificação, liderar um projeto desafiador e desenvolver habilidades de liderança, são elementos intrínsecos ao seu objetivo mais amplo.
Cada passo em direção a essas metas não é apenas uma realização de tarefa; é um progresso significativo em direção a algo que ele valoriza profundamente. Essa interconexão entre metas e propósito não apenas fortalece nossos objetivos, mas também eleva a atividade em si a um status de recompensa. Quando atingimos metas alinhadas ao nosso propósito, a satisfação não é apenas momentânea, é duradoura, impulsionando-nos a buscar constantemente novos desafios.
Dessa forma, percebemos que, neste contexto, as metas estão sempre acima da motivação. Elas transcendem a mera busca por incentivos externos, tornando-se a própria essência para tudo aquilo que realmente importa. As metas não são apenas meios para um fim, mas sim a expressão tangível de um propósito que dá significado à jornada. Estão enraizadas na busca por algo que, por si só, já é uma recompensa.
Dessa forma, a realização dessas metas não apenas conduz ao progresso tangível na carreira, mas também nutre a conexão mais profunda com o propósito subjacente de se destacar e contribuir significativamente para a área profissional. Se o profissional encarasse essas metas apenas como tarefas, sem conectar com o propósito mais amplo, há vários riscos e desafios que poderiam surgir:
- Falta de Empoderamento: Se as metas forem vistas apenas como tarefas a serem cumpridas, sem uma conexão profunda com o propósito, o senso de necessidade e as razões podem ser comprometido. Isso significa que o profissional pode perder o entusiasmo ao longo do caminho, pois as tarefas podem se tornar monótonas e desprovidas de significado pessoal.
- Resiliência Diante de Desafios: Quando os desafios surgem, uma conexão sólida com o propósito pode servir como uma âncora motivacional. Se as metas são vistas apenas como tarefas, a resiliência diante de dificuldades pode ser prejudicada, já que não há um “porquê” profundo para superar os obstáculos.
- Sensação de Vazio: Cumprir tarefas pode levar a uma sensação de vazio se não estiverem conectadas a um propósito maior. O profissional pode atingir as metas, mas ainda se sentir insatisfeito ou questionar o significado de seus esforços.
- Perda de Foco: Ao tratar as metas como simples tarefas, há uma maior probabilidade de perder o foco no propósito mais amplo. Isso pode levar a escolhas menos alinhadas com os objetivos de carreira a longo prazo.
Para não ficar dúvidas, reforço a ideia de que ao conectar as metas ao propósito, o profissional adquire uma perspectiva mais holística e significativa. Cada passo em direção a uma meta específica não é apenas uma tarefa a ser concluída, mas uma contribuição valiosa para algo que ele valoriza profundamente em sua carreira. Essa abordagem não apenas aumenta a potência de agir q eu é algo que é intrínseco, mas também proporciona um senso mais profundo de realização e significado em cada conquista.
Num cenário ideal, todos buscaríamos funções e ambientes profissionais que genuinamente apreciamos, proporcionando uma elevada taxa de comprometimento. Entretanto, sabemos que a realidade nem sempre permite essa escolha exclusiva. Em minha pesquisa, a maioria dos entrevistados destacou a importância vital de manter relacionamentos sólidos com colegas e gestores em seus cargos atuais.
É crucial reconhecer que, muitas vezes, a relevância desses elementos para o sucesso profissional transcende a posição atual. O moral da empresa, por exemplo, revelou-se decisivo em experiências profissionais passadas, mesmo quando os entrevistados inicialmente não perceberam ou não anteciparam tal importância para o futuro. Essa constatação reforça a ideia de que a potência intrínseca de agir desempenha um papel significativo ao escolher um novo trabalho ou projeto. Lembrar-se de como esses fatores impactaram positivamente experiências anteriores pode ser decisivo para orientar escolhas futuras. Dessa forma, ao buscar novas oportunidades, considerar o alinhamento entre suas metas pessoais, valores e o propósito subjacente ao trabalho pode ser um diferencial fundamental para alcançar o sucesso a longo prazo.
Encerrando este capítulo, em situações em que a busca por um trabalho ou projeto ideal se mostra impraticável — uma realidade para muitos de nós —, a estratégia reside em direcionar nossa atenção para os aspectos do trabalho que proporcionam maior satisfação. Refletir profundamente sobre como a realização da atividade pode ser prazerosa torna-se fundamental. Isso pode incluir a oportunidade de demonstrar suas habilidades diante dos líderes da empresa, desenvolver conexões internas significativas ou gerar valor para os clientes. Além disso, é estratégico buscar um equilíbrio entre o esforço dedicado a tarefas mais desafiadoras e atividades que proporcionem gratificação pessoal, como ouvir música durante intervalos ou momentos menos críticos, ou compartilhar um café com colegas, fazer uma breve caminhada ou praticar exercícios de alongamento durante intervalos ou momentos menos críticos. Este enfoque não apenas torna a jornada mais suportável, mas também enfatiza a importância de encontrar prazer em diversas facetas do trabalho, estabelecendo um equilíbrio significativo entre as exigências diárias e os elementos gratificantes que conferem sentido à trajetória profissional.
2º. Saiba Reconhecer As Recompensas Que Realmente Fazem Sentido
Ao longo da jornada profissional, nos deparamos invariavelmente com desafios e tarefas que podem parecer árduas. Nestes momentos, explorar incentivos externos de curto e médio prazo, complementando as recompensas oferecidas pela empresa, pode ser uma estratégia valiosa. A ideia de prometer a si mesmo férias após a conclusão de um projeto ou presentear-se por atingir metas de bem-estar são estratégias válidas. No entanto, é crucial estar atento para evitar armadilhas relacionadas aos incentivos inadequados.
Um equívoco comum reside em recompensar-se pela quantidade de tarefas concluídas, negligenciando a qualidade do desempenho. Por exemplo, um projetista que se gratifica por terminar rapidamente um projeto específico pode inadvertidamente tornar-se mais suscetível a erros. Da mesma forma, um médico focado exclusivamente em maximizar o número de atendimentos, em detrimento da qualidade do atendimento, provavelmente enfrentará desafios relacionados a questões que podem prejudicar o paciente de maneira irreversível.
Outra armadilha frequente é escolher recompensas que minam o progresso alcançado. Se a pessoa em um plano de perda de peso concede a si mesma recompensas como longos dias de descanso, atividades sedentárias, pode comprometer parte dos esforços realizados. De maneira semelhante, se a recompensa por uma semana de destaque no trabalho for a permissão para abrandar o ritmo na semana seguinte, esse padrão pode afetar negativamente a impressão positiva deixada.
Estudos em psicologia comportamental e neurocientíficas destacam a importância do equilíbrio nas recompensas. A conquista de uma meta, por vezes, pode levar as pessoas a permitirem-se ceder à tentação, resultando em retrocessos. Portanto, ao escolher recompensas, é fundamental alinhá-las não apenas com a conclusão de tarefas, mas também com o progresso contínuo em direção aos objetivos. Descobrir recompensas que estejam intrinsecamente conectadas ao seu propósito e progresso fortalece não apenas a motivação, mas também contribui para um desenvolvimento consistente e significativo em sua jornada profissional.
Ao integrar estrategicamente recompensas alinhadas aos objetivos, desencadeamos uma série complexa de eventos neuroquímicos que ecoam profundamente na intricada rede neural da mente humana. A perspectiva da neurociência oferece uma fascinante visão sobre como essas práticas influenciam a liberação de neurotransmissores cruciais, entre eles a dopamina e a serotonina, que desempenham papéis fundamentais na regulação do humor, da motivação intrínseca e da satisfação.
Vale lembrar e como por diversas já expliquei nos diversos artigos meus já publicados, a dopamina, muitas vezes apelidada de “molécula da recompensa”, é liberada no cérebro em resposta a estímulos que indicam a obtenção de uma recompensa ou a antecipação dela. Quando as metas são alcançadas e as recompensas são percebidas como alinhadas aos esforços empregados, os níveis de dopamina aumentam, gerando uma sensação de prazer e reforçando as conexões neurais associadas ao comportamento positivo. Essa ativação dopaminérgica não apenas intensifica a motivação para repetir ações que levaram à recompensa, mas também contribui para a formação de memórias associadas ao sucesso, consolidando assim a experiência positiva.
Por sua vez, a serotonina, conhecida por seu papel na regulação do humor e bem-estar, também entra em cena. O alinhamento de recompensas com objetivos não apenas desencadeia a liberação de dopamina, mas também promove um ambiente mental propício para a estabilidade emocional, facilitado pela regulação serotonérgica. Essa estabilidade não apenas melhora a resiliência diante de desafios, mas também contribui para um estado mental mais equilibrado ao longo do processo de busca de metas.
A interação dinâmica desses neurotransmissores não se limita a momentos específicos de recompensa, mas molda a estrutura e a função do sistema nervoso central de maneira contínua. A criação de circuitos neurais fortalecidos é um fenômeno intrigante. Cada vez que uma recompensa é associada ao alcance de uma meta, ocorre uma remodelação sináptica, fortalecendo as conexões entre os neurônios envolvidos. Essa plasticidade sináptica, essencialmente a capacidade do cérebro de se adaptar e aprender, cria trilhas neurais que tornam o caminho em direção às metas mais eficiente e, paradoxalmente, mais emocionalmente recompensador.
Entenda que estrategicamente práticas que vinculam recompensas ao alcance de metas, não estamos apenas moldando comportamentos conscientes, mas também esculpindo os padrões de ativação neural que constituem a base de nossa motivação e satisfação. A mente humana, com sua complexidade e plasticidade, responde não apenas ao resultado final, mas a cada passo do processo, transformando assim a jornada profissional em uma experiência rica em significado e crescimento contínuo.
Um fascinante exemplo revela que a maioria das pessoas demonstra maior dedicação quando enfrenta a incerteza de uma recompensa, em comparação com uma recompensa garantida. Em situações experimentais, observou-se um investimento mais robusto de esforço, tempo e recursos quando há uma chance incerta de receber US$ 1000 ou US$ 500 (50% de probabilidade), em comparação com uma recompensa certa de US$ 450 (100% de probabilidade).
Entenda que a incerteza em relação à recompensa pode ter um impacto significativo na motivação das pessoas. A ideia é que a perspectiva de uma recompensa incerta cria um elemento de desafio e excitação, levando as pessoas a investirem mais esforço na busca da meta, pois a incerteza aumenta o valor percebido da recompensa potencial. Esse comportamento destaca a complexidade das motivações humanas e como fatores psicológicos, como a aversão à perda na incerteza, podem influenciar nossas decisões e níveis de dedicação. é essencial reconhecer que a motivação muitas vezes pode ser volátil e influenciada por diversos fatores externos e internos. Apesar disso, é possível adotar estratégias e práticas que permitam alcançar um desempenho excelente mesmo quando a motivação está em falta.
O exemplo anterior sobre a incerteza de recompensas destaca que, em algumas situações, as pessoas demonstram maior dedicação quando enfrentam a incerteza, mesmo em comparação com uma recompensa garantida. Isso sugere que a motivação não é apenas determinada pela garantia de resultados positivos, mas também pela emoção e desafio inerentes ao processo.
Assim, podemos argumentar que dar o melhor sem motivação constante é possível ao cultivar práticas que vão além da motivação momentânea. Estratégias como vincular recompensas ao progresso contínuo, alinhar metas ao propósito pessoal e desenvolver hábitos conscientes são maneiras de construir um caminho para o sucesso mesmo quando a motivação oscila. Logo, entenda que a capacidade de dar o melhor sem depender exclusivamente da motivação é uma habilidade valiosa que envolve entender a complexidade da motivação humana e adotar abordagens que permitam o máximo desempenho mesmo em momentos desafiadores.
A aplicação de estratégias para manter o desempenho e o comprometimento no ambiente profissional, mesmo em momentos de pouca motivação, é desafiadora, mas pode ser abordada de maneiras criativas. Uma abordagem interessante é transformar o cumprimento de metas em um desafio estimulante, assemelhando-se a um “jogo”. A presença de dois envelopes na mesa, cada um contendo diferentes prêmios, pode adicionar uma camada de excitação e surpresa. A escolha aleatória de um envelope ao finalizar uma tarefa não apenas introduz elementos lúdicos no cotidiano, mas também serve como catalisador para um comprometimento mais profundo e entusiasmado com as responsabilidades profissionais.
Outro aspecto explorado é a aversão à perda, em que as pessoas muitas vezes se esforçam mais para evitar prejuízos do que para buscar ganhos equivalentes. Um estudo da University of Pennsylvania ilustra isso, onde os participantes tinham como meta alcançar sete mil passos por dia ao longo de seis meses. Aqueles que enfrentavam uma penalidade de US$ 1,40 por dia em que não atingiam a meta superaram em 50% a frequência de sucesso em comparação com aqueles que recebiam uma recompensa equivalente. Uma ferramenta como o StickK.com, desenvolvida por economistas da Universidade de Yale, pode ser útil. Permite cadastrar objetivos, criar contratos de compromisso com penalidades em caso de não cumprimento e monitorar o progresso.
O mais importante é entender que ao incorporar elementos neurocientíficos na abordagem de recompensas, não apenas estimulamos comportamentos positivos, mas também fortalecemos a base neuronal que sustenta a motivação e o senso de conquista. Reconhecer e abraçar recompensas que transcendem a superfície da conquista imediata torna a jornada profissional não apenas produtiva, mas também gratificante e significativa.
À medida que exploramos a complexa relação entre motivação e a capacidade de dar o nosso melhor, mergulhamos nos meandros da mente humana, inspirados pela filosofia do Übermensch de Nietzsche. Descobrimos que, mais do que uma busca por estímulos externos, a verdadeira força reside na interconexão entre metas e propósito, uma via profunda que transcende a motivação momentânea.
Nesta primeira parte, destacamos a importância crucial de estabelecer metas tangíveis, conectadas intrinsecamente ao propósito, como um caminho para o desenvolvimento pessoal e profissional duradouro. Refletimos sobre como as metas específicas, quando alinhadas ao propósito mais amplo, se tornam expressões tangíveis do que é verdadeiramente significativo para nós.
Contudo, está jornada está longe de chegar ao fim. Convido você a seguir adiante, pois na segunda parte deste artigo, exploraremos estratégias adicionais e insights valiosos para alimentar continuamente a chama interna, mesmo quando a motivação parece esmorecer. Desvendaremos segredos que transcenderão as limitações temporais da motivação e revelarão o poder intrínseco que todos nós possuímos para superar desafios e alcançar a excelência.
Prepare-se para uma continuação repleta de descobertas, onde desbravaremos novos horizontes da automotivação. A segunda parte deste artigo aguarda você, repleta de insights que o guiarão em direção a uma jornada de conquistas duradouras. Continue conosco nesta exploração do potencial humano, onde o comprometimento e a resiliência se tornam pilares para alcançar o melhor que cada um de nós tem a oferecer. Até breve!
✅ Gostou deste artigo?
OBRIGADO POR LER E VER MARCELLO DE SOUZA EM OUTRA PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO
Olá, eu sou Marcello de Souza! Iniciei minha carreira em 1997 como líder e gerente em uma grande empresa do mercado de TI e Telecomunicações. Desde então, participei de projetos importantes de estruturação, implementação e otimização de redes de telecomunicações no Brasil. Inquieto e apaixonado pela psicologia do comportamento e social. Em 2008, decidi mergulhar no universo da mente humana.
Desde então, tornei-me um profissional apaixonado por decifrar os segredos do comportamento humano e catalisar mudanças positivas em indivíduos e organizações. Doutor em Psicologia Social, com mais de 25 anos de experiência em Desenvolvimento Cognitivo Comportamental e Organizacional Humano. Com uma carreira diversificada, destaco meu papel como:
Master Sênior Coach & Trainer: Guiando meus clientes na busca de metas e desenvolvimento pessoal e profissional, alcançando resultados extraordinários.
Chief Happiness Officer (CHO): Fomentando uma cultura organizacional de felicidade e bem-estar, impulsionando a produtividade e o comprometimento dos funcionários.
Especialista em Desenvolvimento da Linguagem e Comportamento: Melhorando as habilidades de comunicação e autoconsciência, capacitando as pessoas a enfrentar desafios com resiliência.
Terapeuta Cognitivo Comportamental: Utilizando a terapia cognitivo-comportamental de ponta para ajudar a superar obstáculos e alcançar uma mente equilibrada.
Constelação Psíquica Sistêmica Familiar & Organizacional: Baseada nas leis sistêmicas e psíquicas comportamentais que regem nossos afetos, essa prática oferece uma visão profunda das influências ancestrais que moldam nossa jornada.
Hipnoterapeuta: Baseada na interação entre mente e metáforas, a Hipnoterapia ajuda a superar obstáculos, padrões indesejados e promove a autodescoberta.
Palestrante, Professor, Escritor e Pesquisador: Compartilhando conhecimentos valiosos e ideias em eventos, treinamentos e publicações para inspirar mudanças positivas.
Consultor e Mentor: Aproveitando minha experiência em liderança e gestão de projetos para identificar oportunidades de crescimento e propor estratégias personalizadas.
Minha sólida formação acadêmica inclui quatro pós-graduações e um doutorado em Psicologia Social, junto com certificações internacionais em Gestão, Liderança e Desenvolvimento Cognitivo Comportamental. Minhas contribuições no campo são amplamente reconhecidas em centenas de aulas, sessões de treinamento, conferências e artigos publicados.
Coautor do livro “O Segredo do Coaching” e autor de “O Mapa Não é o Território, o Território É Você” e “A Sociedade da Dieta” (o primeiro de uma trilogia sobre o comportamento humano na contemporaneidade – 05/2024).
Permita-me ser seu parceiro nesta jornada de autodescobrimento e sucesso. Juntos, descobriremos um universo de possibilidades de comportamento e alcançaremos resultados extraordinários.
A propósito, convido você a se juntar à minha rede. Como amante da psicologia do comportamento, da psicologia social e da neurociência, criei meu canal no YouTube para compartilhar minha paixão pelo desenvolvimento cognitivo-comportamental com mais pessoas.
Lembre-se de que todos os dados e conteúdo deste artigo ou vídeo são exclusivos, escritos e revisados por Marcello de Souza com base em conceitos filosóficos comprovados e estudos científicos para garantir que o melhor conteúdo possível chegue até você.
Não se esqueça de seguir Marcello de Souza em outras plataformas de redes sociais e juntar-se à lista VIP para receber artigos exclusivos semanalmente por e-mail.
Se desejar fazer sua doação para este blog estar continuamente produzindo conteúdos únicos e diferenciados, acesse: https://pagseguro.uol.com.br/checkout/nc/nl/donation/sender-identification.jhtml?t=c89ba481089d81de2e05cc1762d2385b1a4d01263c04856f814864117b8a5a19&e=true#rmcl
✍️ Deixe seu comentário
📢 Compartilhe com amigos
🧠 O canal oficial Marcello de Souza_ foi criado para simplificar a compreensão do comportamento humano e complementar as informações no blog: www.marcellodesouza.com.br
🧠 Inscreva-se no canal: www.youtube.com/@marcellodesouza_oficial
🧠 Último livro de Marcello de Souza: /www.marcellodesouza.com.br/o-mapa-nao-e-o-territorio-o-territorio-e-voce/
🧠 Contato Comercial: comercial@coachingevoce.com.br
🧠 Escreva para Marcello de Souza: R. Antônio Lapa, 280 – Sexto Andar – Cambuí , Campinas – SP, 13025-240
Redes Sociais
🧠 Linkedin: www.linkedin.com/company/marcellodesouzaoficial
🧠 Instagram: @marcellodesouza_oficial
🧠 Instagram: @coachingevoce
🧠 Facebook: www.facebook.com/encontraroseumelhor/
🧠 Facebook: /www.facebook.com/coachingevoce.com.br/
🧠 Site oficial: www.coachingevoce.com.br/ www.marcellodesouza.com
🧠 Lista VIP para receber artigos exclusivos semanalmente de minha autoria: contato@marcellodesouza.com.br
🧠 Portfólio: https://linktr.ee/marcellodesouza
🧠 Apresentação e adaptação: Marcello de Souza
#emoções #autocontrole #autoconsciência #relacionamentoemocional #autoajuda #motivação #superação #desenvolvimentopessoal #mentalidade #pensamentopositivo #atitudepositiva #sucesso #positividade #liderança #coachingexecutivo #gestãodeequipes #liderançaconsciente #resiliência #fortalezamental #resiliente #superarobstáculos #mentalidadeguerreira #equilíbrio #vidaprofissional #vidapessoal #coachingdecareer #qualidadedevida #DesenvolvimentoPessoal #Autoconhecimento #InteligênciaEmocional #CrescimentoPessoal #Mindfulness #Bemestar #VidaEquilibrada #PsicologiaPositiva #Resiliencia #ComportamentoHumano #Motivação #Autoestima #HabilidadesSociais #Empatia #EquilibrioMental #SaudeMental #TransformaçãoPessoal #HábitosSaudáveis #SuperaçãoPessoal #FelicidadeInterior #marcellodesouza #coachingevoce #MotivaçãoDuradoura #SuperandoDesafios #DesenvolvimentoProfissional #ExercíciosPráticos #InfluênciasSociais #ResiliênciaMental #AlcanceSeuMelhor