
DESVENDANDO A ILUSÃO: O PERIGO DO EXCESSO DE CONFIANÇA NA LIDERANÇA – PARTE 1
“A sabedoria de uma decisão reside na busca incessante pela alternativa mais sublime em meio às considerações.”
(Marcello de Souza)
Suponha que você esteja avaliando um candidato a emprego para liderar um novo projeto em um país diferente. No papel, essa pessoa é indiscutivelmente a mais qualificada que você já viu. Suas respostas às perguntas são impecáveis, demonstrando habilidades sociais excepcionais. No entanto, algo parece estar fora do lugar. Você não consegue identificar exatamente o que é, mas a sensação persiste. Agora, você precisa decidir se deve contratá-la ou não. Surge a questão: Você pode confiar em sua intuição, que o guiou corretamente em outras ocasiões, e decidir em não o contratar?
Essa é a resposta comumente buscada pela maioria dos profissionais responsáveis pelo processo de contratação quando confrontados com esse cenário em vários ensaios que faço com meus clientes. E isto ocorre principalmente porque habituamos a confiar em nossa intuição sem questioná-la. Muitas vezes sentimos que não é possível saber se a intuição realmente está ajudando a fazer boas escolhas e isto ocorre porque provavelmente você nunca viu o que acontece quando a ignora.
Consciência E A Inconsciência
É importante entender que nossa tomada de decisão é influenciada por dois processos cognitivos distintos, a consciência e a inconsciência. Vamos entender melhor o que isto significa na prática:
Nosso inconsciente sempre vai fundamentar nossa ação ao instante seguinte a partir de referências experienciais passadas, o que remete ao pensamento intuitivo e automático. Neste sentido, é importante entender que esta intuição é uma crença formada, baseada em associações rápidas e instintivas daquilo que estão armazenadas em nossa memória. É uma resposta rápida, inconsciente que ocorre sem esforço consciente. Por exemplo, alguma vez algum amigo foi lhe apresentar uma pessoa e você naquele momento, mesmo sem nunca ter visto aquela pessoa, teve uma sensação negativa? Uma intuição que fez você sentir uma certa repulsa? Pois é, neste momento é seu inconsciente comparando o instante presente com alguma experiencia passada. Voce pode não conseguir conscientemente relacionar atributos desta pessoa com alguma semelhança de alguém que conheceu no passado, mas seu cérebro sim! Este processo é o que também chamo de gatilho de impressão. Aliás, para fim de curiosidade, saiba que há uma área específica do cérebro responsável por memorizar rostos, conhecida como córtex fusiforme. O córtex fusiforme está localizado no lobo temporal inferior, na região ventral do cérebro. Essa área desempenha um papel crucial no reconhecimento facial e na memória de rostos familiares. Estudos mostram que lesões no córtex fusiforme podem levar a dificuldades no reconhecimento facial, condição conhecida como prosopagnosia, na qual as pessoas têm dificuldade em reconhecer rostos familiares, mesmo que possam reconhecer outros objetos normalmente.
Agora, falando em consciência é preciso lembrar que ela é responsável pelo pensamento lógico e deliberado. É um processo mais lento e requer atenção mental. A nossa consciência nos permite analisar informações, avaliar opções e fazer escolhas com base em raciocínio analítico, mais criterioso. No entanto, esse tipo de pensamento é mais exigente e pode ser facilmente influenciado por vieses cognitivos ou limitações, como cansaço, estresse, distrações ou mesmo excesso de informações chegando pelos nossos sentidos sensoriais e somatossensoriais, por exemplo: Visão, Audição, Olfato, Paladar, Tato, Propriocepção, Dor, Temperatura, Pressão, Vibração, Coceira, Tensão muscular, Dor visceral, etc. Todos eles contribuem para nossa percepção e consciência corporal. Juntos, eles nos fornecem informações valiosas sobre o nosso corpo e ajudam a regular e adaptar nossas respostas aos estímulos ambientais, que auxilia a formar consciência no instante presente, tão como a formar emoções e sentimentos. Que, quando sobrecarregados, pode limitar e prejudicar nossa capacidade cognitiva, interferindo direta e indiretamente na construção da realidade que se forma no instante presente.
Assim é possível entender que o cérebro possui sistemas neurais distribuídos que trabalham em conjunto para processar informações e tomar decisões. Esses sistemas podem ser entendidos como redes funcionais complexas, envolvendo diferentes áreas e circuitos cerebrais interconectados.
O inconsciente está relacionado com áreas que incluem por exemplo as regiões singular, reticular e límbica, como o hipocampo e a amígdala, que desempenham um papel na associação de emoções a estímulos e na formação de memórias emocionais. Já a consciência está relacionada a um modo de processamento que requer a ativação de áreas do córtex pré-frontal e de outras regiões corticais associadas a funções executivas, tomada de decisões e controle cognitivo. Essas áreas estão envolvidas no pensamento analítico, planejamento futuro, avaliação crítica e monitoramento consciente das ações. É importante enfatizar que esses sistemas não são independentes, mas interagem dinamicamente. Um pode influenciar e modular as respostas automáticas do outro, por exemplo o inconsciente pode fornecer intuições rápidas que servem como base para o raciocínio e desenvolvimento de pensamentos conscientes. Por isso da compreensão da importância das emoções na tomada de decisões e no funcionamento dos sistemas cognitivos. As emoções não são apenas reações subjetivas, mas têm um papel central na avaliação de estímulos e na orientação comportamental – as emoções e a tomada de decisões estão entrelaçadas no funcionamento do cérebro humano.
Voltando ao início
A partir de todo esta visão mais técnica vamos voltar ao cenário da contratação – confiar exclusivamente em sua intuição (crenças) pode sim ser arriscado, pois ela pode ser suscetível a vieses e desvios do caminho correto. Embora o inconsciente seja extremamente valioso em situações de emergência ou quando é necessário tomar decisões rápidas, em contextos mais complexos e importantes, mas nem sempre ele acerta como no caso da escolha de um líder para um novo projeto. Neste momento é essencial envolver a consciência e trabalhar com informações lógicas e racionais. Em outras palavras, enquanto a intuição pode fornecer insights valiosos, eles sempre serão tendenciosos, neste mesmo sentido é essencial complementá-la com um pensamento crítico, claro, analítico baseado em outras referências para formar uma perspectiva real e menos tendencioso.
Fato é que precisamos conhecer nossas limitações cognitivas para não sermos vítimas de nossos próprios vieses que sempre estão associados a cada sistema mental. Somente assim seremos capazes de adotar uma abordagem mais informada para a tomada de decisões, minimizando os riscos de erros ou equívocos provocados por nós mesmos.
O que podemos fazer para aprimorar nossas escolhas?
Para começar, é preciso entender de onde eles vêm: seja a confiança excessiva na intuição, raciocínio defeituoso, ou ambos. Neste artigo, tratarei de descrever sobre a perspectiva cognitiva assim como alguns dos vieses mais resistentes que existem: a visão de túnel sobre cenários futuros, sobre objetivos e sobre opções. Mas ter consciência disso não é suficiente. Por isso, também apresentarei estratégias para superar os vieses, baseadas nos últimos estudos sobre psicologia comportamental e neurociências – quanto ao julgamento e tomada de decisão.
Primeiro, porém, precisamos voltar àquela sensação do candidato que você está avaliando e sem querer complicar ainda mais, mas sim para ampliar a visão sobre o fato, precisamos partir do princípio de que nem tudo tem a ver só com a intuição. O que quero dizer é que muitas sensações são resultado da formação dos sentimentos sobre determinados acontecimentos, por isso, talvez seus receios não sejam exatamente sobre o candidato, mas sobre outras questões maiores que você ainda não articulou, mas estão “rodando” em seus subsistemas inconscientes, como: E se o ambiente para o novo projeto na nova regional não for tão promissor quanto o previsto? E se os funcionários tiverem problemas para colaborar com um líder vindo de outro país? Perceba que além da própria intuição existem diversos fatores que podem prejudicar toda e qualquer tomada de decisão.
Por isso mesmo que a regra deveria ser sempre a de se preparar antes de dar o próximo passo. A partir das respostas a perguntas que precisariam sempre ser feitas, que vão orientar a decisão de recuar ou de gerir um crescimento contínuo, dependendo de como o futuro se desenrola. Por isso que se deve pensar nas contingências já, no momento de decidir quem contratar, por exemplo. Mas a disposição de fazer essas perguntas maiores e mais difíceis não vem naturalmente.
Somos avarentos cognitivos — não gostamos de “gastar nossa energia mental” analisando incertezas, não porque efetivamente pensar consome mais energia, isto é uma falácia, o cérebro sempre gasta a mesma energia, a questão aqui é quanto a percepção mental em relação ao tempo ao próprio autojulgamento. Nossa mente tem ao menos duas dificuldades para lidar com as questões que rondam nossas decisões. A primeira é o tempo que para ele é algo crucial para resolver questões. Em outras palavras, é mais fácil procurar resolver logo o assunto — por isso, é o que fazemos quase sempre, vamos deixando tudo para o inconsciente decidir, afinal leva menos tempo. O segundo é contrariar nossas próprias crenças. A psique humana tem muita dificuldade em lidar com o contraditório. Alias, quanto menos experiencia e conhecimento tiver, maior será está dificuldade e mais justificador você será na hora de decidir. Em outras palavras, mais vieses criara para você mesmo.
Isso restringe nosso pensamento, fazendo com que nos concentremos em apenas um futuro possível (neste caso, um projeto que tenha o desempenho previsto), um objetivo (contratar alguém que possa comandá-lo nessas circunstâncias) e uma opção (o candidato diante de nós). Quando esse pensamento estreito tece uma história convincente (para si mesmo – autojustificativa), o inconsciente entra em ação, ou seja, a intuição nos diz, prematuramente, que estamos prontos para decidir, e aí nos aventuramos a seguirem frente com uma grande — mas infundada — confiança.
Como ‘desenviesar’ nossas decisões?
Como tendemos a ser excessivamente confiantes em nossas estimativas, é importante darmos importância em nossas decisões e percepções, neste caso devemos reaprender a levar em conta o risco e a incerteza. A seguir quero apresentar a vocês o essencial para ampliar nossa perspectiva em todas as três frentes principais para lidar com as questões do dia a dia, ou seja, saber trabalhar o pensando no futuro.
Quero com este artigo estigar uma autoanalise do quanto seu pensamento pode estar estreito. Quase todo mundo pensa de forma muito estreita sobre resultados possíveis. Algumas pessoas fazem sua melhor suposição e param por aí por exemplo: se comprarmos este software, aumentaremos a produção e com isto venderemos 100 mil unidades a mais por ano. Outras, pelo menos, tentam proteger suas apostas, por exemplo: há 80% de possibilidades de que nossa equipe aumente em 90 mil a produção. Infelizmente, a maior parte dessa proteção de apostas é totalmente inoportuna. As projeções são ainda mais equivocadas quando as pessoas avaliam seus próprios planos, em parte porque seu desejo de sucesso distorce sua interpretação dos dados. Para este artigo não ficar muito extenso vou para aqui como primeira das três partes, prometendo no final deixar várias indicações de leitura sobre a neurociências e o comportamento humano e seu viés.
Até a parte dois! Se gostar compartilhe, deixe seus comentários e faça perguntas. Será um prazer trocarmos ideias para cocriar ainda mais o saber!
“A lição que você sempre aprende é que sua definição de ‘extremo’ não é suficientemente extrema”
(David Viniar, ex-CFO da Goldman Sachs)
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Marcello de Souza começou sua carreira em 1997 como líder e gestor de uma grande empresa no mercado de TI e Telecom. Desde então atuou frente a grandes projetos de estruturação, implantação e otimização das redes de telecomunicações no Brasil. Inquieto, desde 2008 vem buscando intensamente compreender a relação do comportamento humano com a liderança e a gestão. Dentro do universo do desenvolvimento comportamental, não mede esforços para sua busca contínua de conhecimento, com isso se tornou pesquisador, escritor, facilitador, treinador, consultor, mentor e palestrante além de atuar como coaching e terapeuta cognitivo comportamental. Como amante da psicologia comportamental, psicologia social e neurociências criou o seu canal do YouTube para compartilhar com mais pessoas a paixão pelo desenvolvimento cognitivo comportamental.
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2 Comentários
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