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O OUTRO LADO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 “…a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros.” (Salovey & Mayer, 2000)

O conceito da Inteligência Emocional não é uma novidade. Muitos estudos foram apresentados nas últimas décadas sobre o tema. Além das inúmeras publicações tornou-se parte de quase todos treinamentos que focam o desenvolvimento humano e, cada vez mais, foi se convertendo como chave sua discussão dentro das organizações. Foram muitos estudos e teorias criadas e debatidas até chegarmos aos modelos apresentados hoje.

Muitos consideram Charles Darwin com um dos pioneiros a tratar o assunto de forma objetiva em sua obra dando a importância a expressão emocional para a sobrevivência e adaptação. Desde então, demasiados são os estudos para entender a emoção humana que foram sendo apresentados e divulgados dentro de campos de pesquisas cada vez mais aprofundados sobre comportamento humano.

Inicialmente considerava os aspectos cognitivos, como memória e capacidade de análise, reflexão e resolução de problemas. Com o passar do tempo a proposta da IE tornaram-se aprimoradas e fatores não cognitivos também passaram a ser considerados nos estudos.

Importantes pesquisadores se dedicaram ao assunt, desenvolvendo critérios e teorias no qual relacionavam o desenvolvimento comportamental com a Inteligência Emocional. Os princípios fundamentais constituídos por psicólogos como Robert Thorndike (1920) que apresentou sua teoria da inteligência social, dando ênfase na capacidade de compreender e motivar os outros, foi um grande divisor para os estudos relacionados a emoção. David Wechsler (1940) descreveu a influência dos fatores não-intelectuais sobre o comportamento inteligente demonstrando que os nossos modelos de inteligência não estariam completos até que os fatores não-intelectuais sobre o comportamento inteligente não pudessem ser adequadamente estudados.

O termo Inteligência Emocional foi pela primeira vez usado pelo psicólogo Hanskare Leuner (1966) que escreveu um artigo no qual demonstravam uma combinação de traços de personalidade que interferiam diretamente no modo com que o ser humano lida com os desafios do dia a dia, principalmente no mundo profissional. Howard Gardner (1983) também ficou muito conhecido no mundo acadêmico quando apresentou sua teoria das inteligências múltiplas, introduzindo uma nova proposta que inclui tanto os conceitos de inteligência intrapessoal quanto de inteligência interpessoal. Gardner foi um grande entusiasta das novas propostas de inteligência, sendo um grande crítico dos indicadores de inteligência como o QI – Quociente de Inteligência, apresentando um conjunto de estudos no qual demonstravam que o QI era ineficiente e tendencioso. 

O termo Inteligência Emocional academicamente usado como pesquisa científica, foi atribuído a Wayne Payne em 1985. Logo em seguida, Robert Cooper e Ayman Sawaf (1998) apresentaram métricas estruturadas de análise do QE – Quociente Emocional, bem como, Stanley Greenspan em 1989 manifestou também seu modelo sistematizado da Inteligência Emocional. Em seguida, outros famosos teóricos vieram, como: Peter Salovey e John D. Mayer (1990), e Daniel Goleman (1995).

Foi na década de 1990 que realmente a “Inteligência Emocional” tornou-se tema seguindo a frente em quase todas as discussões sobre o comportamento humano, principalmente no mundo corporativo. Vários best-sellers foram trilhando no mercado e logo a discussão passou a ser moda e o mundo passou a ser pulverizado com o modelos e propostas imperativas. Desenvolver a Inteligência Emocional a qualquer custo, esta foi a exigência do mercado como uma condição característica de ser ou não um bom profissional. Salovey e John D. Mayer (1990) conquistou a frente ao afirmar que:

 “Inteligência Emocional envolve a habilidade de perceber com precisão, avaliar, e expressar emoções; a habilidade de acessar e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a habilidade de entender emoções e conhecimento emocional; e a habilidade de regular emoções para promover Inteligência Emocional e com isto o crescimento intelectual”. (Salovey e Mayer, 1990)

 Salovey e John D. Mayer (1990) em seu livro descreveram quatro domínios fundamentais que marcam a IE como fator determinante e necessário para se dar bem no mundo pessoal e profissional:

1.                 Percepção das emoções – inclui habilidades envolvidas na identificação de sentimentos por estímulos como a voz ou a expressão facial, por exemplo. A pessoa que possui essa habilidade identifica a variação e mudança no estado emocional de outra.

2.                 Uso das emoções – implica a capacidade de empregar as informações emocionais para facilitar o pensamento e o raciocínio.

3.                 Entender emoções – é a habilidade de captar variações emocionais nem sempre evidentes.

4.                 Controle (e transformação) da emoção – constitui o aspecto mais facilmente reconhecido da Inteligência Emocional – é a aptidão para lidar com os próprios sentimentos.

 Logo em seguida, em 1995 o jornalista científico Daniel Goleman escreveu um artigo junto com Nancy Gibbs na revista Time, aonde perguntava: “Qual é o seu QE?”. Para Goleman, a IE, é:

 “…capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.” (Goleman, 1998)

 Sua proposta passou a ser referenciada em todo mundo. Ele considera a IE como fator principal responsável pelo sucesso ou não, pessoal e profissional, de cada pessoa. Seja nas relações interpessoal ou intrapessoal, desenvolver a IE é questão de sobrevivência no mundo pós-moderno. Isto porque em seu trabalho ele destaca a IE como fundamentalmente importante na qualidade das relações humanas. A atenção, compreensão, respeito e gentileza, são exemplos de fatores que propiciam mais chances de obter sucesso no convívio socioeconômico e são pontuados no trabalho de Daniel Goleman, definido entre as cinco habilidades fundamentais para análise e desenvolvimento da IE:

1.                 Autoconhecimento emocional – reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;

2.                 Controle emocional – lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;

3.                Automotivação – dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal;

4.                 Reconhecimento de emoções em outras pessoas – reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e

5.                 Habilidade em relacionamentos interpessoais – interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.

Para ele as três primeiras são habilidades intrapessoais e as duas últimas, interpessoais. Tanto quanto as primeiras que são essenciais ao autoconhecimento, estas duas últimas são importantes para o aprimoramento das relações sociais, sendo:

1.                 Organização de grupos – habilidade essencial da liderança que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo bem como a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e uma cooperação espontânea.

2.                 Negociação de soluções – característica do mediador prevenindo e resolvendo conflitos.

3.                 Empatia – quanto a capacidade de, ao identificar e compreender os desejos e sentimentos dos outros, reagir adequadamente de forma a canalizá-los ao interesse comum.

Com seus trabalhos, Goleman conseguiu popularizou a IE trazendo a importância do tema para o universo corporativo. Com isto as principais companhias do mundo adotaram o conceito buscando criar ambientes de trabalho mais agradáveis e menos agressivos.

De forma mais diretiva e resumida a combinação dos estudos da IE indicam que fundamentalmente ela tem como diretriz o entendimento de que as emoções são importantes na compressão e consciência de nossas relações. Sendo um instrumento fundamental para aprimorar a qualidade de nossos afetos as interações com o mundo. Desta forma, tornou-se então um jargão dizer que o Q.I é muito importante para conquistar um emprego, mas a Inteligência Emocional é fundamental para se manter e crescer na profissão. Não se resumindo apenas em ter autocontrole sobre as emoções, mas também ser amável e se dar bem com os outros. 

Pode-se então dizer que diante aos principais autores ao desenvolvermos a Inteligência Emocional tornamos aptos entender além de nossa própria constituição emocional, mas daqueles no qual também estamos nos relacionando. Delineando maior sensibilidade para sentir, pensar e agir de forma consciente, possibilitando um controle maior das emoções que contemplam frente as próprias relações que mantemos ininterruptamente com a vida. Em outras palavras, a Inteligência Emocional pode ser representada então como a capacidade não apenas por trazer a consciência das emoções nas relações, também a habilidade em lidar com elas usando-as ao próprio favor para que as ações sejam deliberativas, gerando maior equilíbrio com a razão, comedidas nos comportamentos psicossomáticos, minimizando as emoções negativas e potencializando as positivas para que o alcance de um maior aprimoramento intelectual e social.

A IE é um tipo de inteligência adaptativa, relacionada ao desenvolvimento avaliativo de reconhecer a situação em que nos encontramos, interpretando com mais precisão as reações dos outros ou conscientizar de nossas próprias emoções, enriquecendo a percepção relacional diante ao contexto em que estamos continuamente inseridos.

É verdade que ao estudar a IE ficamos entusiasmados com a quantidade de benefícios que o seu desenvolvimento pode nos trazer no dia a dia seja na vida pessoal como na profissional. O problema é que como todo imperativo sobreposto aos modelos e tipos de soluções prementes sempre geram a falsa sensação de que elas possam trazer mais benefícios do que efetivamente são habilitadas, distorcendo a própria realidade do contexto especifico, dando-se como resposta para sanar problemas que na verdade irá se deparar muitas vezes com a realidade não tão simples ou promissora como se esperava.

Um outro problema é a distorção que muitos oportunistas criam para transformar ciência em autoajuda. Como o próprio Goleman reconhece quando discerne que o conceito de Inteligência Emocional acabou por tomar rumos alienados e distorcidos com uma conotação indulgente e ociosa. “Basta entrar na internet para ver como há especialistas vendendo a ideia errada sobre o assunto”, disse Goleman. “As pessoas passaram a acreditar que a habilidade para se relacionar encobriria qualquer falha técnica”. A verdade é que a IE deixou de ter uma conotação científica focada no desenvolvimento para manuais de respostas prontas e isto quase nunca funciona.

Todas as propostas que buscam ser respostas ao comportamento comum transformando a pluralidade humana em um ser singular tendem a naufragar e não poderia ser diferente, querer padronizar modelos é o mesmo que querer achar que todos, por natureza, são iguais. Somos seres plurais na concepção de ser e por isto não podemos simplesmente considerar que desenvolver a IE é a solução que tornará toda e qualquer pessoa introspectivamente melhor, mais feliz, mais produtivo, mais competente ou capacitado, ou ainda que ajudará a ser mais extrovertida e estará mais apta para suportar problemas pessoais e sociais de maneira mais eficientes. Os contextos psíquicos dos seres humanos são muito mais complexos do que qualquer manual.

 É normal sentir emoções no trabalho: frustração, raiva, medo ou ânimo. O problema que há muita dificuldade hoje dos líderes saberem trabalhar esses sentimentos principalmente quando se relaciona a construção ou destruição do clima no trabalho bem como motivar ou desmotivar os colaboradores. Controlar as emoções é fator determinante para a moral e a motivação da equipe.

Um dos aspectos da Inteligência Emocional – o controle emocional – pode ser a “competência principal”. O problema são os excessos e a vontade incessante do ser humano em querer resumir as coisas, dando conotação simplista e que quase sempre é ineficiente. Quando levamos a proposta da IE para o mundo corporativo o tema é tratado de forma ilusória e cada vez mais se torna ainda mais evidente isso, há no mercado muito pseudo-especialista vendendo a proposta errada sobre a habilidade de usar as emoções a seu próprio favor e de ser possível compreender as outras pessoas de forma por inteira. Basta você entrar na internet ou ver muitos destes ditos treinamentos motivacionais para ver como existem equívocos inaceitáveis sobre esse assunto. Eu mesmo já presenciei treinamentos enfatizando que a Inteligência Emocional seria responsável por 80% do sucesso da vida de uma pessoa. Isso não é verdade.

O que muito se vê hoje é o desvirtuo do conceito e suas implicações na carreira e na vida pessoal. Há muitas distorções e manipulação dos dados pertencentes a pesquisas e estudos sérios sobre o assunto. A Inteligência Emocional não é tudo. Como aquilo que se impera merece uma maior reflexão para compreendê-la outros pontos além daquelas que querem nos impor.

Há uma complexidade muito maior em toda e qualquer representação do ser humano e tudo aquilo que nos afeta. São nossas relações que reflete nas diferenças comportamentais e na própria condição de se relacionar e pensar. A consciência de nossos afetos são apenas um pequeno fragmento de quem realmente somos a cada instante do viver.

Se considerarmos a proposta de muitos dos estudos sérios sobre Inteligência Emocional com certeza poderemos alcançar resultados positivos que irá refletir em padrões que realmente são favoráveis ao nosso dia a dia. Em outras palavras, as definições deste ou daquele estudo podem até variar, mas a resultante da IE sempre se relaciona ao nosso benefício com a sociabilidade, a sensibilidade, a prudência, e uma alta capacidade de ajustar-se a um grupo.

De fato, milhares de estudos científicos apontam a importância da IE em vários aspectos da vida apresentando indícios tentadores diante aos benefícios ponderados. A questão aqui vai além e tem a ver com uma reflexão mais ampla para não ser ludibriado pela sua relação real ao trabalho, à saúde, e mesmo aos relacionamentos. Ela é importante, mas não significa que seu desenvolvimento resolverá todas as questões relacionais, sociais e comportamentais. Muito longe disto! Há muito mais para se analisar e conscientizar-se do que somente a IE.

Ela é a ponta de um iceberg em um infinito mar de quem somos. Em alguns casos, é claro, isso pode até ajudar, mas outras tantas vezes, não é tão representativa assim já que há muito mais na inconsciência humana do que os fragmentos de nossa consciência. Então fica a questão: Será realmente que desenvolver a IE é a principal resposta não só para nosso aprimoramento pessoal e profissional, é chave fundamental para aumentar a produtividade individual ou em equipe? Será ela o grande segredo de uma equipe altamente eficaz?

O que pretendo aqui, de forma sucinta, é gerar uma pequena reflexão sobre este tema tão presente no mundo corporativo e no qual somos constantemente abordados, seja como facilitador, consultor ou mesmo como profissional de coaching ou mentoria e por isto espero trazer um pouco mais de sentido da importância da reflexão que a IE representa para nossa vida.

Que as ponderações a seguir ajudem no aprimoramento relacionais, o bem-estar e a qualidade do ambiente e do bem-estar. Portanto, de uma forma resumida diante a complexidade do tema, escolhi seis pontos importantes que poderão ajudar a refletir um pouco melhor a concepção resultante da cultura da IE e sua influência nos resultados que você espera alcançar com ela:

 1.                 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL X CRIATIVIDADE X INOVAÇÃO: 

Se observar a própria história a criatividade sempre foi demonstrada aos atributos que fundamentalmente são característicos do baixo QE. A impaciência, mal humor, o não conformismo, a impulsividade, rebeldia e mesmo a raiva ou uma personalidade incerta. Se por um lado é possível que pessoas criativas sejam emocionalmente inteligentes os padrões mais comuns são para pessoas contrárias a tudo isso. Estudos comportamentais têm apresentado uma divergência muita clara entre o desenvolvimento e aprimoramento da Inteligência Emocional com relação a capacidade criativa e de inovação. Isso é não por acaso o fato do conceito de IE estar muito vinculado ao conformismo, processos, bem como a construção de relações, contradiz a própria proposta de criar e inovar.

A IE tem uma associação muito grande com a condição otimista de ser. O excesso de otimismo diminui a nossa competência crítica, minimiza a capacidade perceptiva, reduzindo o discernimento das coisas. Desafiar o status quo e substituí-lo por algo novo é a base para criar ou buscar pela inovação e por isso dificilmente faz parte de pessoas com alto IE, que, devido a sua dificuldade de atentar-se a realidade tem relutância de criar ou mesmo de analisar outras possibilidades. A Inteligência Emocional não é responsável em trazer por si o sucesso profissional. Ninguém é completo como profissional única e exclusivamente por causa da Inteligência Emocional.

  2.                 PADRONIZAÇÃO:

Todo o comportamento que se tenta padronizar interfere na alteridade das pessoas. Se cada pessoa é singular é porque cada um tem algo a mais a oferecer, ora pelas crenças ou experiências que nos fazem sermos exclusivos, ou seja, na forma de agir e interpretar o mundo e tudo que há nele e é isto que torna cada pessoa única em ser, bem como, no pensar. A forma de ser e pensar tem a ver com nossas relações com o mundo e a qualidade de nossas relações determina nossas emoções. Talvez por isto está em as nossas relações a possibilidade do desenvolvimento humano. O imperativo da IE retira as virtudes e as diferenças, tornando-se padrão uma única forma de ser, sentir e se emocionar, portanto, de ver o mundo como ele é. Quando se equaliza um padrão comportamental em um ambiente na verdade você está subtraindo a capacidade que cada um tem de apresentar não só seu melhor, mas também suas diferenças. Padronizar o modo de ser tendem a levar as pessoas a permanecer naquele estado, seja consciente ou inconscientemente fazendo pouco para mudar. Você retira a competência participativa com a diversidade e passa a criar um ambiente padrão, compondo pessoas de alta sensibilidade interpessoal. Como resultado a maioria das empreitadas inovadoras perde o equilíbrio entre assumir e evitar riscos. Isto porque pessoas com o alto IE costumam ter muito mais probabilidade de buscar segurança e evitar decisões mais ousadas. Além disto, ponderam muito mais antes de ter qualquer tipo de reação. Isso é porque um alto IE está associado a maiores níveis de autoconsciência. Quanto mais alto o seu IE maior a chance de você resistir aos seus impulsos e tomar somente decisões reflexionadas. Indivíduos com um maior controle e Inteligência Emocional buscam minimizar os danos e efeitos negativos avaliando sobre suas reações antes de decidir qual é a melhor forma de lidar com cada situação. Em outras palavras, isso tudo parece ótimo, entretanto, a IE está diretamente relacionada ao autocontrole e quando há níveis extremos de autocontrole eles nos levam ao perfeccionismo contra a produtividade diminuindo a capacidade de espontaneidade, agilidade, improviso e criatividade, bem como a contenção demasiada de riscos e isto também pode ser altamente prejudicial ao negócio, você pode estar limitando a possibilidade de inovar e se desenvolver.

  3.                 FEEDBACK CONSTRUTIVO:

Nas empresas aonde o conceito de Inteligência Emocional virou uma espécie de cartilha não necessariamente trouxe consequências somente positivas. Pelo contrário, muitas vezes ajudou a criar ambientes mais agradáveis, estáveis, mas não mais produtivos, principalmente quando se trata de aprimoramento. Hoje é comum executivos serem contratados, quase sempre, por seu talento e inteligência e na maioria das vezes são demitidos por problemas de relacionamento, isso é verdade, porém nos ambientes aonde se excede a fixação da IE costumam ser prejudicado pela incapacidade que seus colaboradores adquirem com o tempo em não serem mais aptos de realizar um alto feedback como também não conseguem aceitar o feedback de outros.

Pessoas consideradas com alta IE podem se sentir tão bem resolvidas ao ponto de serem indiferentes a qualquer feedback negativo que receberem. De fato, pode ser muito difícil tirar estas pessoas da zona de conforto já que se consideram como equilibradas, ajustadas e positivas. Em outras palavras, o que quero dizer é que em um ambiente aonde o imperativo é a IE você está condicionando as pessoas a se apresentarem como completas, estáveis, controladas e sem partes faltantes, construindo a ilusão perfeccionista de si mesmo.

 4.                 HESITAÇÃO E AS RELAÇÕES:

 Uma das principais razões que tornam uma pessoa com alto IE confiante de si mesmo é o poder encantador que ele adquire e que pode representar falsamente a completude de muitas das qualidades que procuramos em nós mesmos. A sensação de equilíbrio, positividade é equivocadamente interpretada como sensatez e consciência, auxiliando pessoas mal-intencionadas a serem excessivamente persuasivas e conseguirem o que querem. Assim como o carisma, nós tendemos a considerar a Inteligência Emocional como positiva, mas ela também pode ser usada para obter objetivos de ética duvidosa. A Inteligência Emocional ajuda a ter empatia e passar sempre uma mensagem que parece certa para o público — o que é frequentemente algo bom. No entanto se levado longe demais isso pode deslizar do campo da influência para o da manipulação. Transforma o outro em objeto.

  5.                 DIFICULDADE PARA LIDERAR:

Ainda que pessoas com o alto IE sejam bem-dotadas psicologicamente para empregos de baixa e média complexidade, papéis de gestão e liderança requerem, fundamentalmente, a habilidade de trazer a realidade para que seja possível escolhas mais precisas na qual muitas vezes são impopulares. Sendo hábeis de proporcionar mudanças e focar em entregas de resultados mesmo que isso ponha em risco as relações com os próprios colaboradores. Fato é que líderes e gestores apenas terão um impacto substancial sobre suas ações se agirem com um verdadeiro empreendedor, focando nos aspectos fundamentais que permitam o negócio prosperar, inovar e vencer. Isso requer decisões que nem sempre são populares e pessoas com alta IE, que estão mais focadas em se relacionar bem do que em estarem à frente, têm menos probabilidade de tomar o ambiente mais realista, reprimindo às forças internas e externas que não se cansam de agir sobre nós.

Tornar uma condição imperativa faz do tema mais que uma obrigação, mas uma obsessão em torno que se deve criar uma força de trabalho sempre emocionalmente estável, feliz e diplomático, preferindo seguir manuais comportamentais em vez da autenticidade de ser por completo. Lembre-se que cada situação é uma condição. Características importantes para determinadas posições fundamentais em uma empresa como líderes visionários ou gestores de mudança podem ser inibidas quando excedemos o nosso controle sobre a nossa própria emoção. E mais, quem possui alto IE quase sempre são muito positivistas, mais justificadores e tem menos foco produtivo daí surge então o problema de costumarem a interpretar seu equilíbrio emocional de maneira indolente como se eles não tivessem de se esforçar para obter e aprimorar outras competências como as técnicas, reflexivas e principalmente as de raciocínio lógico.

  6.                 O IMPERATIVO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL:

A reflexão é que o imperativo da IE impede o reconhecimento da importância evolutiva da emoção sobre nossas ambições como ser. Ter que ser como condição é muito diferente do ideal de querer ser. Ter consciência de que a emoção nos faz mover é fator determinante para aprendermos a encontrar o porquê de nossas relações.

A emoção impulsiona cada um de nós para vida, sem ela tornamos incapazes de se movimentar, sair da caixinha (usando um termo comum), de agir e reagir, construir e reconstruir. Ser qualificado de refletir sobre a própria emoção permite compreender os afetos, as relações com o mundo e tudo que tem que mudar para que se possa encontrar a própria razão para seguir em frente. Porém, excessos pela busca da IE faz com que nem você e nem os outros sejam capazes de se reconhecer da forma singular aquilo que efetivamente faça sentido para sua vida na concepção que gostaria que houvesse este reconhecimento.

Este reconhecimento é o que compõe a própria identidade, nossos próprios desejos diante a nossas próprias escolhas. Aquilo que irá usar para se apresentar, sua identidade, é o resultado de um aprendizado nas relações com o mundo, onde se vai aprendendo com o que faz sentido e o que não faz, absorvendo sobre tudo o que se está autorizado a usar no mundo para se definir. Muitas vezes a IE pressupõe de um certa adequação e alinhamento entre o que pensamos de nós e entre o que mundo social nos autoriza como definição de nós mesmos e, portanto, atrelar a própria emoção ao estado permanente de ser equilibrado para que se possa produzir mais é atrelar a própria emoção a um saco que não se deixará encher por maior que seja a sua competência eficaz e disposição. Em outras palavras, o imperativo da IE pode levar a pessoa a suprir suas emoções. Pesquisas atuais têm demonstrado que a maioria das pessoas tendem demonstrar sua Inteligência Emocional buscando controlar as emoções através da supressão e isso nem sempre é consciente e sim questão provocadas pelo próprio ambiente.

A supressão é o que as pessoas mais fazem: acobertar os sentimentos e aparentar estarem bem, controladas, mas na verdade não estão. Uma estratégia muito comum, mas que pode levar a uma série de consequências prejudiciais ao comportamento e a própria saúde, como: esquivar-se de relacionamentos sérios, acumulo de emoções negativas, alucinações sociais, baixa satisfação com a própria vida, déficit de memória e pressão alta, entre outros. Estes são exemplos iniciais que esta condição pode trazer aos excessos, isto porque suprimir as emoções aumenta o estresse em si e em outras pessoas no qual você se relaciona.

 Antes que pense que este artigo tem por objetivo contestar a IE saiba que não é propósito. Compreender a complexidade do ser humano é determinante para se estabelecer uma melhor relação colaborativa e entender que nem sempre os imperativos propostos são os melhores caminhos e a liberdade de refletir e pensar, permite-nos ter mais possibilidades de acertar nas escolhas para minimizar equívocos. 

O foco então aqui é demonstrar que como tudo aquilo que se transforma em verdades absolutas quase nunca são as respostas certas. Livros com receitas prontas e teorias com soluções mirabolantes quase sempre se tornam placebos, por assim dizer. Diferente do que os gurus costumam propor, o que há na vida são possibilidades e que podem dar certo para alguns, mas não necessariamente fará sentido para outro, isto porque somos seres exclusivos vivendo momentos inéditos. O fato é que sempre temos que buscar analisar as coisas de forma sistêmica, sair das respostas prontas e imediatas e sermos suficientes para analisar outras formas de perceber uma mesma problemática. É quase impossível que alguém se sinta satisfeito, modelando suas expectativas irrealistas de desempenho – a modelos imperativos comportamentais. Com esse entendimento torna-se mais fácil identificar competências que são fundamentais para a autogestão.

O caminho do crescimento está no equilíbrio e o equilíbrio não é a igualdade de valores, mas aquilo que faz mais sentido pela consciência da ação tão como do resultado dela e para isso é preciso que se construa um auto percepção suficiente para conscientizar-se das próprias ações. Reavaliar ou repensar uma situação emocional, pode ser a estratégia mais eficiente numa situação dessas. Uma maior ciência do presente em uma situação leva a clareza e ajuda a impor limites. A reavaliação presente ajuda-nos a acalmar.

Fato é que o controle das emoções é uma habilidade primordial apresentada por muitos que alcançaram sucesso na vida pessoal e profissional. Os padrões de desempenho de um líder eficiente por exemplo, estão principalmente focados na sua habilidade para gerenciar e influenciar o estado emocional no qual se relaciona. É preciso saber inspirar e gerar confiança em seus seguidores para ajudá-los a manter a motivação e saber lidar com dificuldades quando surgirem. Para ter um bom resultado nessa difícil tarefa é realmente necessário controlar, muitas vezes, às próprias emoções com eficiência. Ajustar suas expectativas para ser mais realista torna-se mais próximo de construir definições mais claras de seus objetivos e a autoconsciência sai do ideal para o real e isto sim torna-se um meio eficiente de reavaliação.

Conseguir ajudar a controlar suas reações emocionais sem tornar isto imperativo é aí que está a maior consciência sobre cada instante de decisão. A presença possibilita a pessoa a ver o problema como um desafio e não como uma ameaça. Avaliar os problemas como desafios e não ameaças, ajuda com as decisões ao se concentrarem na atividade que estão fazendo e a pensarem nas etapas que devem percorrer para terem êxito. Lembre-se que enfrentar desafios gera resiliência quando em situações de estresse e essas mudanças o levam a melhorar em outras áreas de competência emocional também.

Na dose certa, permitindo-se perceber a si mesmo no agora propícia adotar uma visão mais sensata para atingir metas e perceber que a emoção pode muitas vezes ser aliada ao crescimento e melhorando a positividade o próprio comportamento. Assim, aumenta-se a confiança ao perceber os seus próprios medos e compreender o poder da própria vulnerabilidade. A presença tem a ver com a sinceridade sem correm o risco de perder outras oportunidades para desenvolver habilidades emocionais críticas. Em vez disso, aprimorando deliberadamente a própria avaliação consciente. Alguns trabalhos podem ajudar a se manter mais presente como envolvimento em treinamentos ou a prática de mindfulness, mas não somente isso, também pode-se incluir terapias comportamentais e outras ferramentas e abordagens como jogos de interpretação, modelagem, Coaching bem como desenvolver técnicas de PNL por exemplo, para treinar a mente de como você pode lidar com situações emocionais de forma diferente.

Ao entender que o mecanismo por trás da temporalidade é a melhoria das competências da Inteligência Emocional mais ampla você poderá trabalhar de forma mais deliberada em todas as áreas que terão mais impacto em seu dia a dia.

Não há dúvida que o alto quociente emocional é desejável e altamente adaptável e não é tão difícil entender porque preferimos muitas vezes nos relacionar com aqueles que possui uma alta IE, mas não se iluda que isto se torne a única resposta para que você encontre o seu melhor, Agora!

  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DE INSPIRAÇÃO

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BRACKETT, M. Permission to Feel. Nova Iorque, Celadon Books. 2019

COOPER, Robert, SAWAF, Ayman. Inteligência Emocional na Empresa. Rio de Janeiro. Editora Campus. 1997.

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GOLEMAN, D. LIPPINCOTT, M. Sem Inteligência Emocional, o mindfulness não funciona, São Paulo: 2018. Disponível em: < https://hbrbr.uol.com.br/inteligencia-emocional-e-mindfulness/>. Acesso em: 18 de setembro, 2018.

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KANDEL, Eric R., SCHWARTZ, James H., JESSELL, Thomas M., HUDSPETH, A.J. Princípio de Neurociências. Artmed Editora. 2014

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 Sobre o Autor:

Marcello de Souza, fundador da Coaching & Você, é apaixonado por assuntos referentes a gestão, liderança e fascinado pelo cotidiano e pelas mais diversas formas do desenvolvimento da inteligência comportamental humana. Estudioso, escritor, pesquisador e admirador da psicologia social, vive em busca constante do crescimento intelectual e comportamental humano.

Tem mais de 21 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais, atuando como agente, facilitador palestrante e consultor internacional. Tem vasto conhecimento em gestão e consultoria de equipes multidisciplinares, liderança e gestão de projetos de alto impacto, relacionamento e negócios. Coordenou times e clientes, atuando na implementação de novas ideias, simplificação de processos e identificação de áreas frágeis, bem como na antecipação de cenários com ações inovadoras de alto impacto além de desenvolver a excelência nas pessoas.

Seu trabalho seja como Coach, Mentor, Terapeuta, Palestrante e Treinador, seja em campo ou em seu consultório, utiliza dos mais alto níveis de conhecimento que envolve desde neurociências, psicologia social e comportamental como também ferramentas especializadas para análise a avaliação comportamentais, técnicas como Coaching, PNL, Hipnose, Constelação Sistêmica Organizacional e Familiar, Psicologia Transpessoal, Logoterapia, entre tantos outros fundamentos que foram alcançados em mais de 21 anos de experiência e pela busca contínua do conhecimento.

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